Os mórmons são evangélicos?

Depende do que você entende por "evangélico". Aqui no Brasil os cristãos pentecostais e protestantes se identificam com o termo, por isso ele deve ser visto mais como um movimento e expressão genérico do que propriamente uma organização religiosa. O "evangélico" é alguém que (1) foca na conversão (especialmente pelo batismo do Espírito Santo), (2) recorre ao proselitismo ativista e (3) defende a santidade exclusiva da Bíblia.



Os mórmons, membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, até podem ser considerados evangélicos quando o termo é usado como sinônimo de cristão que crê na conversão espiritual pelo Espírito de Deus, entende a necessidade de pregar o evangelho e defende a Palavra de Deus na Bília Sagrada. Que fique claro esse ponto: somos cristãos!

A Igreja Mórmon também não é evangélica quanto a origem, pois os movimentos evangélicos começam com a ruptura de uma instituição religiosa originária. A Igreja é fruto de uma restauração, não de uma reforma [1].

Os mórmons não são evangélicos no sentido prático, pois suas reuniões, costumes e doutrinas diferem.

Por exemplo: numa reunião em uma "igreja evangélica" normalmente haverá louvores emotivos, muitas vezes com uma "banda gospel" utilizando bateria, guitarra e teclado. O pastor da Igreja evangélica terá uma pregação energética e frequentemente doações serão solicitadas aos que desejarem contribuir. Já numa reunião da Igreja Mórmon, como uma reunião sacramental (que é a principal reunião de adoração) a música é reverente, o espírito é de solenidade - os discursantes são membros da própria congregação, embora o Bispo discurse ocasionalmente. E não há pedido de doações, não obstante a lei do dízimo pode ser ensinada durante essas ocasiões.

Com relação a Bíblia, os membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acreditam totalmente que ela é a Palavra de Deus (8º Regra de Fé - e teremos um artigo e vídeo falando sobre isso). Apesar de amarmos a Bíblia temos outras escrituras - tal como o Livro de Mórmon, outro testamento de Jesus Cristo. Essas outras escrituras não disputam com a Bíblia, mas testificam das verdades lá encontradas. Sabemos que a Bíblia que nos chegou passou por muitas traduções - e por isso contém algumas obscuridades e erros de tradução. Nisso diferimos de alguns evangélicos que consideram a bíblia infalível.

Cremos no dom do Espírito Santo e cremos no que aconteceu no dia de Pentecostes - onde os apóstolos falaram em muitas línguas. Nossa sétima Regra de Fé declara:
"Cremos no dom de línguas, profecia, revelação, visões, cura, interpretação de línguas, etc."
Mas cremos também que estes dons são distribuídos segundo a sabedoria de Deus (1 Coríntios 12:1, 4, 7-12).

Acreditamos que após o batismo por imersão para remissão dos pecados uma pessoa precisa ser batizada pelo fogo, ou seja, receber o dom do Espírito Santo. Mas não cremos que o Espírito Santo sempre fará a pessoa falar em línguas, entrar em transe ou ter uma grande visão - como prova de que a mesma foi batizada pelo fogo. Em outras palavras nem sempre a pessoa que recebe o Espírito Santo terá uma forte reação física. Isso pode acontecer, evidentemente, mas não é a regra.

Cremos que o Espírito Santo fala mais frequentemente numa voz mansa e delicada, nos inspirando a agir corretamente e nos revelando a verdade. E isso se assemelha a experiência que o profeta Elias teve:
"E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o Senhor. E eis que passava o Senhor, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do Senhor; porém o Senhor não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o Senhor não estava no terremoto;
E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada." (1 Reis 19:11-12)
Em dezembro de 1839, o Profeta Joseph Smith visitou o Presidente dos Estados Unidos. Um irmão que acompanhou o Profeta escreveu:
“Em nossa entrevista com o Presidente [dos Estados Unidos], ele nos perguntou em que nossa religião diferia das outras religiões de nossos dias. O irmão Joseph disse que diferíamos no modo do batismo e do dom do Espírito Santo pela imposição de mãos. Achamos que todas as outras considerações estão contidas no dom do Espírito Santo” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, 2007, p. 102).
O poder e dom do Espírito Santo são sem dúvidas muito importantes para nós membros da Igreja, e vou falar mais sobre isso em futuros artigos.

Também alguns utilizam "evangélico" para indicar aqueles que evangelizam, que creem nos evangelhos da Bíblia (Mateus, Marcos, Lucas e João). Nós somos uma Igreja missionária - e tem um artigo sobre isso aqui. Então neste sentido somos evangélicos.

Por fim, devido a as diferenças apontadas acima entre as organizações religiosas evangélicas e nós, preferimos não nos identificar como evangélicos, porém, não recusamos esse tratamento, pois de fato cremos na Bíblia, entendemos a importância da conversão e cremos nos dons do Espírito Santo.

A melhor forma de você saber como são as práticas e doutrinas dos membros da Igreja é conhecendo a Igreja e aprendendo com os representantes de Jesus Cristo - os missionários. Para fazer isso agora clique aqui.

Para ampliar o conhecimento recomendo esses artigos:

"Receber o Espírito Santo", Elder David A. Bednar, outubro de 2010

"Regras de Fé", Pérola de Grande Valor

"Nossas crenças", mormon.org


_____

Nota:

[1] Algumas pessoas (são poucas) dizem que os evangélicos são todos os cristãos não-católicos. Esses cristãos teriam saído da igreja Católica por meio de uma reforma. Neste sentido até poderíamos ser considerados evangélicos (por não sermos católicos) se ignorássemos um ponto peculiar: a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não veio de uma reforma. Joseph Smith restaurou o Evangelho, o que é bem diferente de se revoltar contra a igreja principal, separar-se e criar outra - o que é precisamente o que aconteceu com as igrejas protestantes e pentecostais.


Comentários

  1. .

    COVA RASA
    .
    Somos os únicos responsáveis
    Por nossas constantes escolhas
    Se a gente planta bobagem
    É natural que bobagem colha
    Mas se somos cuidadosos
    Ao lançar sementes no solo
    E delas cuidamos com esmero
    Garantimos as melhores colheitas
    Deixando a alma satisfeita
    E ainda mais fértil o terreno.
    .
    Às vezes inocentemente
    Colhemos frutos de dissabor
    Que surgem das más sementes
    Que outra pessoa plantou
    E como vítimas doutros arbítrios
    Perguntamos ao Deus do infinito
    Se é justo que as coisas sejam assim
    E Ele fala a quem quer escutar:
    A vocês cabe saber semear
    A mim coube construir o jardim.
    .
    No passado plantamos o presente
    No presente plantamos o futuro
    Frutos nossos e de outras gentes
    Caem sobre nós quando maduros
    Como realização ou desafio
    Nutrindo os novos plantios
    Como o adubo mais perfeito
    Desta vida que é cova rasa
    Na qual o que plantamos é causa
    E o que colhemos é efeito.
    .
    Eduardo de Paula Barreto
    01/02/2018

    .

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