Os mórmons são polígamos? Eles casam com mais de uma mulher?

Essa é uma das perguntas mais recorrentes que nós membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos últimos dias, também conhecidos como Mórmons, ouvimos.



Não! Claro que não podemos ter várias esposas. Não temos várias esposas e não praticamos a bigamia, poligamia ou casamento plural.

É preciso dizer, contudo, que nós membros da Igreja cremos ser a Bíblia a palavra de Deus (Regra de Fé 8). isso significa que cremos nos ensinamentos bíblicos, e honramos e admiramos os profetas do passado. Alguns desses profetas foram autorizados por Deus a terem mais de uma mulher. Entre eles está o pai da Fé, Abraão, Jacó, cujo nome foi mudado para Israel -  e também o grande Moisés, que libertou o povo de Deus do Egito. Todos esses homens foram polígamos.

Entretanto a poligamia é exceção. Na maior parte das vezes Deus ordena que o homem tenha apenas uma esposa (Jacó 2:27). O Livro de Mórmon ensina que o povo de Deus “não [deveria] ter mais que uma esposa nem concubina alguma” (Jacó 3:5). E numa escritura moderna lemos: Abraão recebeu concubinas e elas geraram-lhe filhos; e isso lhe foi atribuído como sendo retidão, porque elas lhe foram dadas e ele obedeceu à minha lei; como também Isaque e Jacó nada mais fizeram do que aquilo que lhes fora ordenado; e porque nada mais fizeram do que as coisas que lhes foram ordenadas, (...) Davi também recebeu muitas esposas e concubinas, assim como Salomão e Moisés, meus servos; e também muitos outros de meus servos, desde o princípio da criação até agora; e em nada pecaram, a não ser nas coisas que não receberam de mim” (D&C 132:37-38). Veja, portanto, que em alguns casos Deus permite -e até ordena o casamento plural. Mas isso deve ser feito sob a ordem expressa Dele, mediante a autorização dos profetas que portam as devidas chaves do sacerdócio.

No começo de nossa dispensação, ou seja, quando Deus começou a restaurar sua Igreja nestes últimos dias Joseph Smith recebeu a ordem de viver a lei do casamento plural. Ele relutou por quase dez anos, já que a tradição cultural dos Estados Unidos era monogamia - e ter mais de uma esposa parecia moralmente errado. Entretanto, Joseph e alguns outros irmãos da Igreja tomavam outras esposas para si, com o consentimento expresso de suas mulheres.

Não foi fácil no começo. Brigham Young disse que teve inveja do defunto - desejando morrer a ter que viver este mandamento de ter mais de uma esposa. Experiências espirituais ajudaram o primeiros membros a entender que a vontade do Senhor deveria prosperar.

Foi preciso muita fé para cumprir a vontade de Deus. Mas o casamento plural foi para “suscitar posteridade para [Ele] (Jacó 2:30) - e serviu como parte da Restauração de todas as coisas (D&C 132:40) pelas quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas desde o início (Atos 3:21).

Para nós, este mandamento de ter muitas esposas pode parecer estranho. Inclusive é considerado crime! Mas vários países e culturas do mundo aceitam a poligamia. Além disso, como já mencionei, a Bíblia mostra que essa foi a realidade de muitos justos do passado.

Como de praxe, deixei vários materiais para vocês se aprofundarem no assunto mais abaixo. Não fique confuso com relação a isso. Estude os materiais e pergunte a Deus sobre o tema.

O casamento plural resultou em um grande número de filhos que nasceram dentro de lares de membros fiéis. Isso também influenciou a sociedade mórmon do século XIX de várias maneiras: o casamento tornou-se virtualmente disponível a todos os que o desejavam; as desigualdades econômicas diminuíram quando mulheres com desvantagens econômicas se uniram a famílias financeiramente mais estáveis; e os casamentos interraciais aumentaram, ajudando a unir uma população diversificada de imigrantes. O casamento plural também ajudou a criar e fortalecer um senso de coesão e identificação de grupo entre os santos dos últimos dias. Os membros da Igreja começaram a se ver como uma “geração eleita”, comprometidos em seguir os mandamentos de Deus a despeito de qualquer oposição externa.

Quando foi praticado o casamento plural na Igreja restaurada todas as pessoas eram tratadas igualmente, e possuíam casas ou quartos separados. As mulheres eram livres para escolher seus cônjuges, fosse para uma união plural ou monogâmica, ou até mesmo para não se casarem. E havia possibilidade de divórcio e novo casamento sem imputação de imoralidade - como era comum nos séculos passados. Alguns homens entraram no casamento plural porque líderes da Igreja pediram que o fizessem, enquanto outros iniciaram o processo por si mesmos. Todos precisavam obter aprovação dos líderes da Igreja antes de entrar em um casamento plural.

Em 1890, o Presidente Wilford Woodruff, emitiu um Manifesto que interrompeu a prática do casamento plural na Igreja. Assim, como no passado ocorrera, chegara a hora de não permitir mais casamentos assim. Os propósitos de Deus haviam sido alcançados. A prática foi se encerrando. Hoje nenhum membro da Igreja pode casar-se com mais de uma esposa - e se o fizer fica sujeito a sanção máxima da Igreja: a excomunhão.

Um pequeno grupo, dissidentes da Igreja, continuaram a praticar casamentos plurais - e às vezes eles são identificados como mórmons. É por isso que muita gente ainda confunde os membros da Igreja com esses “mórmons fundamentalistas” - que ensinam e praticam o casamento plural. Mas a Igreja não tem nada haver com eles e não aprova esses casamentos. Veja, o casamento plural acabou há 127 anos - e tem pessoas que ainda pensam que se pode ter mais de uma mulher entre nós.

Alguns dissidentes da Igreja praticam a poligamia, e às vezes os chamam de mórmons. Daí talvez a confusão. Mas os membros da Igreja não praticam o casamento plural!

Mas é isso ai pessoal, compartilhem este post com os amigos. E não esqueçam de ler o material adicional!

Material Adicional










Adendo - Relatos sobre pessoas que viveram o casamento plural

O seguinte relato ajuda a esclarecer os sentimentos do Profeta Joseph Smith e outros membros da Igreja quando o casamento plural foi apresentado.

Eliza R. Snow, que era selada ao Profeta Joseph Smith, registrou detalhes do Profeta Joseph ensinando o princípio do casamento plural ao irmão dela, Lorenzo Snow. Ela notou a angústia e a dor que o princípio causou a Joseph Smith e que ele somente prosseguiu no estabelecimento do princípio por causa da revelação divina:

“O Profeta Joseph abriu seu coração [a Lorenzo Snow], e descreveu o calvário mental que ele sofreu para sobrepujar a repugnância de seus sentimentos, resultado natural da educação social e costumes que recebeu, quanto à introdução do casamento plural. Ele conhecia a voz e Deus — ele sabia que o mandamento do Todo-Poderoso era que ele prosseguisse — para dar o exemplo e estabelecer o casamento plural celestial. Ele sabia que não teria que sobrepujar e superar apenas seus próprios preconceitos e predisposições, mas aqueles de todo o mundo cristão que o olhariam no rosto; mas Deus, que está acima de tudo, deu um mandamento e ele deveria obedecê-Lo. No entanto, o profeta hesitou e adiou por certo tempo, até que um anjo de Deus se pôs diante dele com uma espada desembainhada e disse que, a menos que ele prosseguisse e estabelecesse o casamento plural, seu sacerdócio seria retirado e ele seria destruído! Ele prestou este testemunho não apenas a meu irmão, mas também a outras pessoas — um testemunho que não pode ser negado [contradito]” (Biography and Family Record of Lorenzo Snow, 1884, p. 69).

O Presidente Brigham Young explicou:

“Se algum homem tivesse me perguntado qual era minha escolha quando Joseph revelou aquela doutrina, considerando que isso não diminuísse minha glória, eu diria ‘deixe-me ter apenas uma esposa’. (…)
(…) Nunca tive o desejo de fugir do dever nem de deixar de cumprir o menor dos mandamentos que me fosse dado, mas pela primeira vez na vida senti vontade de morrer, sendo algo que não consegui superar por muito tempo. Quando assisti a um funeral, senti inveja do defunto, lamentando não ser eu que estava no caixão. (…)
(…) Mas o santos que viverem sua religião serão exaltados, pois eles nunca negarão qualquer revelação que o Senhor tenha dado ou possa dar, mesmo quando há uma doutrina que eles não podem entender completamente, mas devem dizer: ‘o Senhor a enviou para mim e oro para que Ele me salve e preserve de negar qualquer coisa que proceda Dele e me dê paciência para esperar até que possa entender por mim mesmo” (“Provo Conference”, Deseret News, 14 de novembro de 1855, p. 282).

Vilate Kimball, a primeira esposa do Presidente Heber C. Kimball recebeu um testemunho sobre o casamento plural. Sua filha Helen contou posteriormente:

“Minha mãe sempre me disse que ela não poderia duvidar que a ordem do casamento plural era de Deus, pois o Senhor o havia revelado para ela em resposta a uma oração.
Em Nauvoo, logo depois de voltar da Inglaterra, meu pai, entre outros de seus irmãos, foi ensinado sobre a doutrina do casamento plural. (…)
Meu pai percebeu a situação completamente, e o amor e a reverência que ele tinha pelo profeta foram tão grandes que ele preferiria ter perdido sua vida a traí-lo. Esse foi um dos maiores testes de fé que ele havia experimentado. (…)
Minha mãe [Vilate Kimball] havia percebido uma mudança em seus modos e aparência, e quando ela perguntou o motivo, ele tentou evitar as perguntas dela. Finalmente ele prometeu que diria a ela depois de um tempo, se ela pudesse esperar. Esse problema incomodou tanto sua mente que seu olhar ansioso e abatido o traía a cada dia e hora, e finalmente seu estado de miséria se tornou tão insuportável que era impossível controlar seus sentimentos. Ele ficou doente em seu corpo, mas sua miséria mental era grande demais para permitir que se eximisse, e ele decidiu caminhar na manhã seguinte e algumas vezes a agonia de sua mente era tão terrível que ele torcia suas mãos e chorava como uma criança e implorava que o Senhor tivesse misericórdia e revelasse a ela esse princípio. (…)
A angústia do coração deles era indescritível e quando ela descobriu que era inútil rogar mais tempo a ele, ela se retirou para seu quarto e se curvou perante o Senhor e entregou sua alma em oração a Ele, que disse: ‘Se tiverdes falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos a dá liberalmente e não o lança em rosto’. (…)
A ela foi mostrada a ordem do casamento celestial, em toda a sua beleza e glória, juntamente com a grande exaltação e honra que iria conferir-lhe em que esfera imortal e celestial, se ela aceitasse e permanecesse em seu lugar ao lado do marido. Ela também viu a mulher que ele tomou por esposa e contemplou com alegria o vasto e infinito amor e união que essa ordem traria, bem como o aumento dos reinos de seu marido, o poder e a glória que se estendem por toda a eternidade, mundos sem fim.
Com um semblante radiante de alegria, pois ela estava repleta do Espírito de Deus, foi até o meu pai, dizendo: ‘Heber, o que você ocultou de mim, o Senhor mostrou-me’. Ela me disse que nunca viu um homem tão feliz como pai como quando ela descreveu a visão, lhe disse que estava satisfeita e que sabia que vinha de Deus.
Ela fez convênio de apoiá-lo e honrar o princípio, o qual guardou fielmente, e apesar de suas provações serem muitas vezes pesadas e difíceis de suportar, ela sabia que meu pai também estava sendo provado, e a integridade dela se manteve até o fim. Ela permitiu que meu pai tivesse muitas esposas e elas sempre tiveram uma amiga fiel em minha mãe” (Orson F. Whitney, Life of Heber C. Kimball, 1967, p. 325).

O Presidente John Taylor falou sobre a época em que o casamento plural foi apresentado:
“Eu sempre tivera ideias rígidas sobre a virtude e achava, fora do contexto desse princípio, aquilo era chocante, na condição de homem casado. (…) Tratava-se de algo que certamente despertava sentimentos contraditórios no mais profundo da alma humana. Eu sempre respeitara da maneira mais estrita a castidade. (…) Assim, devido a minhas convicções, apenas o conhecimento proveniente de Deus e Suas revelações, e a verdade neles contidos, poderia levar-me a aceitar um princípio como esse” (B. H. Roberts, The Life of John Taylor, Third President of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 1963, p. 100).
Dra. Ellis R. Shipp (1847–1939) nasceu em Iowa e mudou-se para Utah em 1853 com seus pais. A Dra. Ellis Shipp, cujo marido praticava o casamento plural, acreditava que sem a poligamia ela nunca teria tempo nem poderia deixar seus filhos sob os cuidados carinhosos de esposas-irmãs para seguir a
carreira médica. Ela formou-se na escola de medicina da Filadélfia em 1878, tornando-se a segunda mulher médica de Utah. Ela também estudou por algum tempo na Faculdade de Medicina da Universidade de Michigan.

Enquanto cuidava de seus próprios dez filhos, a Dra. Shipp realizou o parto de seis mil bebês em seus sessenta anos de serviço. A irmã Shipp serviu como membro da junta geral da Sociedade de Socorro de 1898 a 1907 (História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 426)

Veja o vídeo:




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